Meninos e Aquários

Era uma vez um menino. Em sua infância, ele corria, brincava, caminhava e pensava. Os limites dele eram onde seus olhos alcançavam. Quando se sentia sozinho, tudo que precisava fazer era simplesmente cutucar a pessoa ao seu lado e conversar por horas e horas.

Um dia ele ganhou um aquário, muito bonito, quadrado e com laterais de vidro bem polido. Diariamente, ele dedicava um pouco do seu tempo simplesmente a observar o que se passava dentro dele. Podia colocar e retirar aquilo que quisesse, mas, devido ao seu espaço limitado, aos poucos fazer coisas novas tornou-se uma tarefa entediante, pois ninguém mais via seu esforço.

Como que por mágica, num belo dia, seu aquário foi ligado aos outros e começou a mostrar o que neles ocorriam. Ele agora podia ver o que se passava dentro dos demais, tornando sua observação muito mais interessante. Toda vez que desejasse, podia montar novas formas para exibir o que quisesse. Ele mostrava o que queria que vissem e enxergava o que lhe era permitido ver. Mas o mais divertido era que ele podia também ver e falar com os outros donos de aquário, que se colocavam atrás dos vidros das paredes de cada um. Ele não enxergava muito bem, pois várias camadas se colocavam na frente dos olhos, fazendo com que visse imagens distorcidas quando olhava para os aquários alheios.

Aos poucos ele foi deixando de correr, caminhar e pensar. Não passava mais horas e horas conversando, mas na frente de seu pequeno quadrado de vidro, olhando para o mundo e para os outros através dele. Seus olhos, que antes alcançavam o horizonte, agora estavam presos ao fluir de um monte de água e peixes coloridos.

Aquários são tão divertidos assim?

Matheus Clemente posta às quintas. Ele afirma que não estava chapado nem nada do tipo quando escreveu este post. Só entediado.

-Sugestão de música da Lette intrometida para o post: