Solução?
No nosso tempo tudo precisa ser feito com muito mais velocidade.
Na verdade, não por que queremos, mas porque o mundo que nós mesmos criamos nos obriga.
Não conseguir parar talvez seja a causa da minha insônia. (E consquentemente da minha, como bom namorado). É como se quando eu desligasse o ciclo se rompesse e eu não conseguisse mais retomar as minhas linhas de pensamento com a mesma conexão. Dá pra entender?
Enfim...
Escrevendo o post, conversando pelo outlook, fazendo meu trabalho pelo PC, prestando atenção nas notícias que passam na TV e ainda conseguindo manter a mente ligada nos trabalhos da faculdade e na longa duração das minhas 24 horas diárias: tão extensas e tão curtas ao mesmo tempo
Pesquisando nomes e e-mails no google, mandando milhares de mensagens(literalmente), conversando pelo Gmail, surtando com o trabalho de psicologia. O pior é que quanto mais rápido a gente faz, mais rápido quer fazer. sempre imaginei como era a vida de nossos antepassados (que usavam um pc 486 com dos quando tínhamos 5 anos). Para nós, qualquer engasgada do windows é motivo para um ataque, normalmente contra a pobre CPU.
Se não fossem as facilidades cibernéticas e a marvilhosa e revolucionária ferramenta Google, tenho certeza que os prazos seriam extensos e as funções muito mais trabalhosas. Um dia já foi assim.
Oh Vinde Fiéis! Qualquer blasfêmia contra o Santo Google seja anátema! Sem ele viveríamos chafurdando em páginas de papel e poeira para achar quem foi Levi Strauss.(Aposto que você quer ir no Google pesquisar saber quem ele é do que pegar sua Barsa, né?) Há quem prefira estes métodos arcaicos ainda hoje, mas admito que a minha vida de estagiário seria um pouco mais fácil sem essa ferramenta. Acho!
A grande diversão dos meus chefes é me mandar achar tudo no Google. Quem foi Oscar freire? Qual o email de todos os políticos do Brasil? Ah, não se esqueça de todos os coordenadores de Faculdades do território brasileiro...O que eu faria se não fosse isso? Sei lá! Talvez tivesse que ir pessoalmente. Prefiro o Google.
Um dia eu mesma consultei a enciclopédia Barsa e acreditava que lá havia resposta para toda e qualquer dúvida do Universo. Que tolice. Para caber o universo, não bastam alguns volumes, o espaço deve ser ilimitado, tal qual nossa curiosidade, tal qual o número de perguntas que surgem na nossa mente a cada segundo.
Mas a grande pergunta é: o Universo é ilimitado até aonde? Tudo que sei é que existem bases de dados gigantescas em servidores funcionando 24h. Suponho que eles sejam aparelhos físicos, que por mais que eu goste da idéia, duvido que a internet fique voando por aí. Possibilidade de colapso? Quem sabe? No mínimo ia ser engraçado. Tente quantificar quanto dinheiro virtual é transmitido de banco para banco. Economias de países estão flutuando em ondas virtuais que nem temos uma idéia clara de onde estão. A crise de 1929 vai ser fichinha perto do que pode acontecer se a internet "quebrar". Mas como quebrar algo que não podemos tocar?
A virtualidade funciona de forma estranha, se formos pensar. Veio pra descomplicar e fazer termos mais tempo para nós, mas acabou por ser prática demais e nos onerando com mais tarefas diárias. Não sei se existe solução para o stress. Se continuarmos nesse ritmo, talvez ele só aumente. Aliás, talvez stress não seja exatamente a palavra. Não paramos porque não nos é permitido parar. Porque a gente fica estagnado e o mundo continua girando. É como num ciclo, uma alimentação continua de informações e atualizações.
Sempre me perguntei se um dia seríamos ligados completamente aos computadores, sabe, viveríamos virtualmente como nos filmes de ficção. Bom, já estamos chegando bem perto. Sabe o tal jogo Second Life? A idéia é poder mostrar que é possível fazer tudo que já fazemos (com algumas melhorias) através do mundo virtual: comprar, dançar, conversar, trabalhar, nos relacionar...mas pra que? Já não fazemos tudo isto de verdade?
Não me entendam mal, não sou nenhum tipo de reacionário, muito menos contra jogos. Sou viciado em qualquer coisa que precise de botões pra funcionar! Mas já ouvi até de professores que este tipo de jogo é uma revolução na comunicação e está abrindo novas portas. Não duvido, mas será que ele está nos abrindo para o mundo ou nos fechando mais?
Imagine:
O que um camponês feudal via quando olhava para frente quando estava trabalhando? O mundo e um enorme espaço aberto e o horizonte...
Com a Revolução Industrial, o que o trabalhador da fábrica via? Paredes e máquinas. Sua visão começa a ter obstáculos.
E hoje, como fazemos para ver o mundo enquanto estamos trabalhando? Passamos a nos restringir a olhar o mundo através um pedaço de vidro e bytes, que nos dão a falsa impressão que enxergamos mais longe quando na verdade deixamos de nos levantar para olhar sequer pela a janela.
Não digo que o camponês feudal tinha uma vida melhor que a nossa, mas pensando deste modo, quem que realmente enxerga mais longe?
Na verdade, a pergunta não seria quem enxerga mais longe, mas quem enxerga mais... O que vemos não é algo que representa quase completamente a nossa realidade? Porque preferir então o virtual?
Acredito que o distanciamento tem para o ser humano suas vantagens. Brigar virtualmente é indolor, as crises e as palavras duras são atenuadas, as coisas feias do planeta excluídas. No nosso mundinho água com açucar é muito menos trabalhoso viver. E pra quem tinha tanto trabalho, isso não soa maravilhoso?
Somos, mais uma vez, prisioneiros da nossa própria solução.Tão filosófica...mas tão assustadora. A dúvida se mantém... Até quando? Até onde? Com que controle?
2 comentários:
Levi-Strauss... Google... google!
Revolução Industrial... Google... google!
Feudalismo... Google... google!
Trabalho de psicologia... Google... google!
Prova de história... Google... google!
bem, neste último caso, nem o google me serviu... bendita seja a quinta-feira... porque, para nós, é o dia da vingança dos livros empoeirados. poxa, que triste...
"Brigar virtualmente é indolor, as crises e as palavras duras são atenuadas, as coisas feias do planeta excluídas. No nosso mundinho água com açucar é muito menos trabalhoso viver."
Sim, menos trabalhoso e tb menos prazeroso, eliminar todo o problema não significa ter mais prazer, mas sim tb reduzi-lo. É o mesmo que estar num quarto quente e receber uma lufada de ar novo, é sensacional, mas estar diante de um ventilador dia e noite nao traz o mesmo gozo.
Vida complicada essa nossa, modernidade sem parenteses, crises sem divãs e tudo quase em vão
Beijos muito bom texto
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