Entrevista com Orkut Buyukkokten, publicada pela Folha em 3/7/05
03/07/2005 - 09h22
Orkut não entende seu sucesso no Brasil
Orkut não entende seu sucesso no Brasil
SÉRGIO DÁVILA da Folha de S.Paulo
"Orkut Buyukkokten adicionou você como amigo. Orkut é seu amigo? Sim ou não?" A mensagem estava na página que este repórter mantém num dos maiores e mais conhecidos sites de relacionamentos virtuais da internet, batizado propriamente de Orkut (www.orkut.com). Calcula-se que 6 milhões de pessoas tenham páginas com seus perfis ali; desse universo, a maioria (71,92%, segundo os últimos dados disponíveis) é brasileira. E quem é o criador do sucesso?
Na vida virtual, segundo sua própria página, Orkut Buyukkokten tem 30 anos, é solteiro, gosta de massagem, não entende as mulheres e tem como meta na vida "tentar experimentar todas as coisas "radicais" (definir "radical" é sua função) e nunca olhar para trás ou se arrepender de nada". Na cama dele você vai encontrar "velas, óleo para massagem, urso de pelúcia e algemas".
Na vida real, como comprovou a Folha em entrevista exclusiva com o "desenhista de interface com o usuário" (sua função) na sede do Google, na Califórnia, Orkut Buyukkokten nasceu na Turquia, onde estudou na renomada Universidade Bilkent, em Ancara, tem pós-doutorado em ciência da computação em Stanford e desenvolveu o embrião do site nos bancos da universidade californiana, até ser contratado pela empresa de seus ex-colegas Sergey Brin e Larry Page.Ele não tem idéia dos motivos que levaram sua criação a ser o sucesso que é especificamente no Brasil --a imprensa e os internautas norte-americanos em geral praticamente ignoram o Orkut, dando mais atenção a outros sites de relacionamento como Friendster ou thefacebook.
Diz que não faz parte de seus planos vender as informações contidas nas páginas pessoais para empresas, dados e hábitos que valeriam ouro na publicidade virtual."Sim, Orkut é meu amigo", foi a resposta dada pelo repórter ao pedido virtual, o que deixa o entrevistado com 567 "amigos", 791 "fãs" e 3.722 mensagens deixadas no seu "rascunho". Leia a conversa abaixo:
Folha - Primeiro, uma reclamação: por que o Orkut é lento?
Orkut Buyukkokten - Os participantes crescem exponencialmente, muito, mas muito mais rápido do que esperávamos. Nós aumentamos a capacidade da rede a cada mês, mas a demanda é sempre maior. O que gera um problema aparentemente insolúvel: quando aumentamos a capacidade, e com isso a velocidade com que os comandos são realizados, as pessoas conseguem navegar mais e conseqüentemente convidar mais pessoas para fazerem parte do Orkut, o que deixará o sistema lento de novo, até que aumentemos de novo a capacidade... Mas chegará um momento em que nossa velocidade ao aumentar será igual à da demanda.
Folha - E por que as mensagens de erro engraçadinhas, como "Bad, bad server. No donut for you!"? (fala adaptada de um dos episódios clássicos da série de TV "Seinfeld", intitulado "The Soup Nazi")? Você sabia que há até comunidade contra essas mensagens --e centenas contra você e seu invento?
Orkut - Não sabia... (risos). É só uma maneira de deixar a informática mais palatável...
Folha - Há milhares de comunidades brasileiras pornográficas e outro tanto com mensagens racistas ou discriminatórias, o que fere a "carta de intenções" de seu site. Recentemente, uma delas saiu do ar depois que a Justiça autorizou a polícia a investigar o autor. Como você controla isso?
Orkut - Quanto à pornografia, talvez a explicação esteja no fato de os brasileiros serem mais liberais. Quanto ao racismo, é um horror, eu condeno. Mas como você põe um limite sem cair na censura? Este é um problema com o qual eu tenho de lidar...
Folha - Qual sua teoria para a presença maciça de brasileiros?
Orkut - Não tenho a menor idéia. Talvez seja cultural, tenha a ver com a personalidade de vocês, que são conhecidos como um povo amigável. Pode ser devido à própria característica do mecanismo de entrada no site (só pode se cadastrar quem receber um convite de um dos cadastrados). Eu tenho alguns amigos que têm alguns amigos brasileiros, e assim foi se espalhando, o que era mesmo a minha idéia desde o início.
Para ler o resto dessa entrevista, acesse: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u97858.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário